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A mostrar mensagens de março, 2022

[nera 11]

I. São comuns os desvarios desse poema tardio que não vai e não fica. Que me distrai no decorrer das linhas. E destrambelha as rimas. E desenrola os vícios. Que me indica o caminho no retorno do inferno e se retira.   II. Me recordo dos mil poemas que morreram enquanto a eternidade do aro-foice era sinal de garantia. Pena que a parte do que parte seja parte recaída. Quiçá seja esse o motivo da tempestade na rotina.   III. Há um poema pendurado na parede dos prêmios e aplausos. É nele que falo sobre a maldição do acaso. É ele que me lembra diariamente do que não gosto, do que preciso e do que não faço. É ele que me destroça toda vez que me descalço. Que me desnuda quando sussurra um nome que não falo. E é dividido em três pedaços: "a falência dos meus órgãos, dos meus gostos e do meu tato". Nasceu prevendo um futuro feito de hiato.   IV. A paz não floresce no asfalto da cidade, por isso o pé cratera no chão quente. Por isso a ausência faz morada nas lacunas.