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A mostrar mensagens de março, 2020

[party three - resposta a Cézar Ray e Marlos Degani]

Sob a tempestade recorrente Os otimistas respiram começos Os pessimistas aspiram o fim O poeta vira a aguardente Da dose de poema Que chove de mim

[linha]

Aglomeram-se as letras com tais entrelinhas que mais parecem cometas do tamanho de espinhas se apequenando no espaço que aos poucos definha. As sufoco com um traço cuja ponta tão frágil derrete o mais indomável dos peitos de aço ainda que as engavete enquanto a veia da tinta fervilha e que, de tão leviano, repete que elas seguem cartilha: cuidado, o poema é um verso que vira matilha. - elizabeth gomes

21/02

Não é que eu não tenha feito um esforço desmedido pra não escrever o poema do último suspiro Mas agora teço um verso que é um terço dividido entre o que antes tava posto, o que eu achei que tava morto e a tua voz no meu ouvido Entre essas próximas dez linhas, a música alta da vizinha e você flutuando seus dez passos entre o cigarro da varanda e a cerveja da cozinha Que eu dilascere mais dois pares de óculos perca 5 ou 6 relógios pra entender a estrada curva que começa na tua nuca, se arrasta mais de um metro e meio e desaba no verde-âmbar dos teus olhos Que eu reinvente a poesia, crie uma máquina do tempo e redescubra Alexandria tenha mais três epifanias e o azul do céu perca o valor do seu esboço ou que os esforços sejam tantos (mesmo ainda sendo pouco) Não é que eu não tenha feito um esforço desmedido pra não me perder no teu sorriso Nem que os versos tenham caído em qualidade ou que tudo escrito antes tenha umas mil meias verdades naquele tempo falecido c

MARESIA

Tremem as ondas ao emergir e provar o ar da melancolia da solidão do poeta que perde as linhas escritas no caderno roubado pela dona da poesia Crescem, batem, e morrem feito rimas que escorrem pelos dedos inertes em mãos trêmulas - quase sem vida Formam o azul, o verde e o cinza roubando as cores dos corpos, os odores das vindas, os sabores das bocas, os sons dos atabaques que dobram na esquina Retornam pro mar, aprendendo a desilusão que é pensar ter a mera chance de escrever ao perder um amor e ainda sair por cima - elizabeth gomes